"De um reino distante onde o calor massacra os miolos dos mais loucos e de onde agora mesmo, no Porto da Barra corpos douram ao sol e se esbaldam num mar azul maravilhoso, eu te falo, ou melhor, escrevo de uma sala fechada com ar condicionado de onde se vê o mar a uns 5 quilômetros de distância. Ah, além mar, compõem a linda paisagem coqueiros ao longe.
Queria sobretudo te dar notícias, talvez irreais, talvez infundadas, mas não posso mentir. Para dizer a verdade a rede de computadores caiu a algumas horas e eu precisa encontrar algo a fazer, já que não se faz mais nada sem a rede mundial de computares, inclusive para te mandar isto aqui, preciso esperar que ela funcione, e eu espero até lá não dizer coisas que me façam não enviar isto, que se compromete a ser, um breve relato.
Primeiro te dou a triste notícia que já não existem mais tantas helaynas em uma. Marianinha já não me visita mais, e é possível que já não veja mais tanto prazer em vir! E todas as outras. Que a que sobrou agora se divide entre aquele escritório do governo e vida de arquiteta, com mais três loucos, um tanto nervosos demais que não conseguem ver o prazer na profissão, que agora tudo são entregas com hora e dia marcados, e já não dá mais para desfrutar um chá com uns biscoitos de padaria num dia de chuva.
Que em Salvador quase não existem mais aqueles loucos que iam ouvir aqueles sons esquisitos, ou que então, estamos velhos demais para ir nos lugares que agora eles vão, porque não conhecemos mais.
Acho que a vida ficou dura. E tudo agora tem importância demais, tanta importância que não dá mais para ir ao cinema, ir ao teatro...que mierda rapaz!!!
De modo que, o que mais desejo neste novo ano, é voltar a ver tudo com algum encantamento. Esta coisa que nos falta quando ficamos ocupados demais. Sérios demais para rir das nossas próprias besteiras.
Beijos
